A igreja
é a comunidade dos crentes em Cristo (Ef 1.1), comprada, fundada, protegida,
edificada e dirigida por ele (Mt 16.18; At 20.28), que se reúne para cultuar o
Deus Trino (At 13.1-2), sustentar com firmeza a verdade revelada (1Tm 3.15),
observar as ordenanças do Senhor (batismo e ceia), nutrir uma amorosa,
edificante e pura comunhão entre os irmãos (At 2.42-47) e proclamar a salvação
ao mundo (1Pe 2.9), tudo com o propósito final de promover a glória de Deus (Ef
3.21).
A igreja
também pode ser definida como o grupo de eleitos reunidos e organizados numa
determinada localidade (1Pe 1.1) que, tendo a Sagrada Escritura como autoridade
máxima (2Tm 3.16) e sob a influência do Espírito Santo, promove a expansão
geográfica, numérica e cultural do Reino de Deus neste mundo (At
9.31).
Algumas Ressalvas:
1. A
igreja não é um edifício religioso.
Numa
forma popular e corriqueira de entender a palavra “igreja”, ela se refere a um
prédio com características arquitetônicas e decorações religiosas. Esse,
contudo, não é o sentido da palavra “igreja” no Novo Testamento. Ali seu
significado é simplesmente assembléia de crentes, sem qualquer indicação do
local físico em que essa assembléia se reúne.
2. A
igreja bíblica não tem um templo considerado como lugar sagrado.
No Antigo
Testamento havia o templo judaico onde os adoradores realizavam seus atos
cultuais (Sl 5.7). No Novo Testamento, porém, não há nenhuma construção que
possa ser considerada como um lugar sagrado de adoração. Os templos no NT são a
comunidade dos salvos (1Co 3.16-17; 2Co 6.16; Ef 2.22; 1Pe 2.5) e os corpos dos
crentes, onde o Espírito Santo habita (1Co 6.19). Jesus mesmo ensinou durante o
seu ministério terreno que a época de adorar a Deus num lugar sagrado havia
chegado ao fim (Jo 4.21-24). Por isso, os crentes da igreja primitiva não se
preocupavam com a construção de santuários e, geralmente, se reuniam nos lares
(At 20.20; Rm 16.5; Cl 4.15).
3. Nem
todas as comunidades evangélicas são igrejas no sentido bíblico.
O nome
“igreja” é usado por muitos grupos que nada tem que ver com essa instituição
edificada pelo Senhor Jesus Cristo. Para que seja igreja de fato, uma
comunidade tem que, basicamente, ser composta por crentes genuínos, o que não
se verifica em grande parte dos grupos que se apresentam como evangélicos (Veja
acima as definições de igreja). Estes, na maior parte das vezes, são formados
por pessoas interessadas em milagres, curas e bênçãos materiais, sem jamais se
preocupar com o perdão dos pecados e a vida de santidade em oposição ao mundo.
O próprio Senhor Jesus disse que no dia do juízo rejeitará pessoas assim (Mt
7.21-23).
4.
Nenhuma igreja pode se apresentar como a única verdadeira.
A igreja
de Cristo está espalhada pelo mundo em inúmeros núcleos locais dos mais
diversos tamanhos, com características peculiares a cada um e pertencentes a
diferentes denominações. Na medida em que essas comunidades anunciam a salvação
unicamente em Cristo, ou seja, o evangelho bíblico, todas elas são verdadeiras.
Quando, porém, uma comunidade específica se apresenta como a única válida, está
com isso desprezando a obra salvadora de Deus através de outras igrejas em milhões
de corações ao redor do mundo. Pior ainda: uma igreja assim cairá no erro de se
ver como um caminho adicional para o céu, além do único caminho que é Jesus
Cristo (Jo 14.6). Isso fará dela uma seita, pois, na maior parte das vezes as
seitas heréticas se apresentam como as únicas detentoras das chaves do céu,
sendo impossível, segundo elas, alguém ser salvo se não fizer parte de seu
movimento.
5.
Nenhuma igreja pode se apresentar como a melhor entre todas as demais.
As
igrejas locais apresentam diferenças entre si na sua forma de funcionamento,
detalhes relativos à adoração, ênfases variadas e outras questões. No entanto,
nenhuma pode apresentar-se como a melhor entre todas as outras, pois essa
atitude mostra desprezo pelo que Deus tem feito nas inúmeras igrejas locais
existentes e revela um orgulho cego, incapaz de enxergar as próprias
imperfeições e defeitos (Ap 3.17). Ademais, o crente que estiver convencido de
que pertence à melhor igreja que há, dificilmente conseguirá se adaptar a
outra, caso tenha que se mudar. Sua atitude será de comparação e de depreciação
em face da nova igreja e isso poderá conduzi-lo ao abandono da comunhão dos
santos, o que a Bíblia reprova (Hb 10.25; 1Jo 1.7). Por isso, todo cristão deve
reconhecer o valor intrínseco da igreja espalhada pelo mundo, jamais
considerando aquela de que é membro como superior às demais e rejeitando essa
atitude como pecaminosa.
IBR – Marcos Mendes
Granconato